Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Procura que acha, quem sabe...

Do tamanho do mundo, dando passos maiores que o normal, os pulmões já cansados, depois de quatro ou cinco tragos de cigarros, o menino atravessou aquela ponte que parecia não ter mais fim, esperando encontrar o pote de ouro. O garoto parecia ter sede do pote, se reergueu depois de uma longa vida procurando aquilo, foi um caminho árduo até ele quase satisfazer-se. Mas não era o que procurava. No fundo, faltava algo mais, algo mais quente, mais mais.
Olhou pra lua, percebeu que a sua ida até a ponte, era apenas uma das milhares de tarefas pelas quais ele ainda iria passar, até então sentar, fumar mais um cigarro e dormir tranquilo.
A vida continua, meu caro. A única resposta que ele achou é que a gente só se aquieta, quando temos certeza de que as vírgulas sumiram, quando os pontos se fixarem no final das contas e estacionarem. E a toda página, existirão milhares de potes, no final de pontes, mas só um destes valerá a pena e, muitas vezes, nem saberemos se é o que realmente procurávamos. Procura que acha, quem sabe...