Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sem Coerência

O foco voltará aos teus olhos, mas sem a luz dos meus para te guiar.
Vamos peneirar as coisas, até que sobrem as que realmente precisamos.
Tens o tempo do mundo pra reerguer teu castelo egocêntrico.
E se explodir, alguém surgirá em busca de juntar os cacos que restaram, sempre tem alguém “dando sopa”.
Transferência disso ou daquilo. É que às vezes não tenho opção de escolhas: “quem não tem cão, caça com gato”.
Idiotice crer que o invisível vive, que o inexistente mora, em seu coração.
Como numa tempestade, ficam os sobreviventes, estou bem, estou ótimo, estou sorrindo e nenhum “sábio” irá imaginar do que se passa aqui dentro. Já disse antes: um sorriso é desproporcional ao rosto, prefiro esconder dentes do que atirar facas.
Sem coerência nenhuma penso, vivo ou amo. É melhor não ter nexo e viver a vida mais alienada. Mas quem me conhece de fato, aprende que minha coerência é fácil de ser traduzida, apenas me ame.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Vácuo

Um pouco de pessoas aqui, por favor!
Quero overdose de gente, só pra encher um pouco esse copo vazio.
De overdose aí dentro, só se for de vento.
Quero beber humanos!
Me embreaguei algumas horas nos bares, por outras numa esquina ou noutra.
Mas nunca, nunca fui bater num hospital por ter bebido demais.
Aqui é contrário a tudo: quando menos se bebe, mais hospital se vê.

Desaparecendo

Como numa vela quase acabando, meus sonhos vão tomando a mesma proporção da chama. O que mais me decepciona é que a causa disso tudo é meu próprio sangue. Não tenho opções, nem escolhas, sigo ordens. E depois o egoísta sou eu.

Overdose de Anjos

Essa overdose é seletiva. Nunca estou só. Embriago-me aos poucos e como um vício eterno, sempre estarão comigo. Passo por todos os sentimentos conhecidos, o que mantenho, principalmente, é o amor. Com sinceridade, abraço todos os meus vícios feito uma mãe. Sentimento ágape que pretendo manter aceso por um bom tempo. Meu sangue me esnoba e através de meus pontos de equilíbrio, supero as barreiras. Como cápsulas, eles são ingeridos constantemente, pois necessito deles. Se um falta, por dias ou horas, já me sinto saudoso.
Uma vez tive um sonho. No meio dele, minha mãe interrompia na melhor parte. Ainda acordado vi alguns anjos, pensei que ainda estivesse dormindo, mas não, era real. No que pensei que seria um mero ponto, meus anjos transformaram tudo em vírgulas, meu sonho não acabou, está apenas começando. Ahh! Tenho overdose de anjos.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Liquidificador

Sair andando pelo mundo em busca de quebrar vidraças, talvez nem sirva.
Tantos pingos caindo como meteoros em cima de todos, nem resolve.
Buscar a solução seja a solução, mas a solução anda pelo mundo e eu aqui quebrando vidros.

Pelos olhos, a face nega as lágrimas derramar
Pela força do coração, ele teme a bater.
Olhos tristes, coração acelerado, por isso renego das gotas ao pulsar.
A beleza, se é que há, distorce com a larva salgada dos globos, por isso renego das gotas ao pulsar.
Se ladrão é pecado, o ser que anda entre os humanos me roupa, mas ninguém vê, ninguém vem me perguntar.
O mundo cala, cega e surda.
Um real é pouco, mas um real de sentimentalismo para uma pedra é o suficiente e se torna caro.
Eu deixei de acreditar, pois valores egocêntricos foram maiores, apenas deixei de crer nisso ou naquilo.
Se soubesse ao menos manipular os sentimentos, permutaria alguns e deixaria outros habitarem por aqui.
Ah! E que vontade de soprar um maço de velas e tomar, no mínimo, algumas cápsulas de soníferos.
Até que como numa utopia, eu acordaria dentre a maioria.
E no dia que isso acontecer, espero que esteja presente toda a menoria.