Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Paciência

E me fez sentir vivo outra vez.
Estava tão perdido em meu mundinho que ainda não havia me dado conta que poderia saber que amor existe, que pode acontecer. Ontem eu havia perguntado para algumas pessoas o que é o amor, logo depois nenhuma resposta me satisfazia, mas afinal "quem inventou o amor (Renato Russo)"?
Naquela noite eu olhava e olhava, sem nada em troca, ficava olhando sozinho e era tudo muito bom e ruim ao mesmo tempo, porque ela estava perto e da mesma forma que estava tão perto, um enorme espaço havia entre nós. Tinha um sorriso misterioso (espero que um dia possa ouvir seus mistérios) e por mais que fingisse, ela tinha a certeza que eu estava olhando e não me cansava. De repente me vi mais perto ainda, dentro de um compartimento de seis vidros que somavam com mais dois de seus óculos. Viajamos alguns minutos. Sim, Viajamos! Pra mim foi uma longa viagem, mas como quase tudo na vida, teve um fim. Segurei bem firme sua mão (foi a primeira vez que a senti), segurei ao ponto de não querer mais soltar, mas tive que soltar. Finalmente cheguei em casa. Subi as escadas. Cansado, depois de alguns tragos de cigarro, fui me deitar. Já era dia, mas tinha um ar sombrio da noite. Olhei para as quatro paredes, nada restava além de mim naquele espaçoso quarto. Relembrando do passado e de uma pergunta chave que me fizeram, o quarto começou a encher de água. Primeiro, o passado que belisca. Segundo, a pergunta: "Já amou?". E eu pensei nessas duas coisas tentando fazer com que uma completasse a outra. A resposta da pergunta foi direta e sem pensar duas vezes: "Não, meu caro, nunca desfrutei desse enorme sentimento de palavra tão pequena, estou esperando as portas se abrirem, o problema é que joguei no mar as chaves esperando alguém achá-las, paciência...". Choveu por dois dias inteiros. A salvação? Uma voz que me guia falava comigo, mora há alguns quilômetros de mim. E foi exatamente outros quilômetros que me fizeram achar outra pessoa, talvez até melhor e maior que a primeira que renderia uma longa história inacabada, por enquanto. O bom é saber que enquanto eu tento encontrar a chave das outras, outras tentam achar as minhas, espero que exista coincidência para ambos acharem as chaves um do outro, paciência...

Vago

Uma certa amplitude essa que me incomoda. É tudo tão vazio e sem sentido... Mas nada notório, porque é questão de se misturar ao ambiente, numa espécie de camuflagem, talvez como forma de proteção.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Miscelaneando


Se perder no seu próprio esquecimento é viver cegamente, o passado sempre é bom, mesmo que turvo. Não adianta apagar a lama deixada pelas botas
Sair gritando na rua é desespero
E amar já se perde no sentido, virou clichê
Quem sabe a própria utopia pode ser utópica também?
Espelhos são bem-vindos, tragam-me de monte
Coração é aleijo natural, a gente já nasce com “defeito”
Listar é quantificar coisas que desprezam o qualitativo
Aprender é usar com eficácia os ouvidos e enxergar o interno
Viver é prova olímpica, recordes são impossíveis
Descartar é desumano, mas afinal o que é humano?