Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mundo

O mundo em dígitos e eu sem nada pra fazer.
O mundo cheio de gente e nada me interessa.
O mundo falando em amor e eu não tenho razão e nem motivos  pra acreditar em babacas.
O mundo prestando atenção nos outros e ele se auto-destruindo.
O mundo amigo e nada te abraça ou consola, talvez estrelas.
O mundo habitado e o que grita é o silêncio.
O meu mundo tão cheio de coisas, mas ninguém pra compartilhar nada.
O seu mundo tão distante e eu nem sei quem és.
O nosso mundo traçado, coincidente ou nenhum dos dois? Ou quem sabe os dois?
O mundo cheio de órbitas, de infinito, de estrelas e ainda existe vácuo?
Apocalipse... Seria loucura pensar que é positivo?

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sintoma

A folha cai sobre meu rosto, coisas que escrevi:
"Veja tudo menor do jeito que é! Você é um ser pequeno.
Eu vejo muito além do normal, sou maior.
Tenho asas, modifico os sintomas de dor com sorrisos dolosos disfarçados e sobrevôo os sentimentos alheios."
Caneta. Mais papel. Termino de escrever:
[...]Vejo o sol, a lua, você. Arde, esfria, relembro. Vejo o sol, a lua, você.
Estou com fome. Sacie minha fome! Fome dos outros ou até mesmo sua.
Ando de lá para cá, mas o único barulho que ouço é o da chuva.
Nada toca, nada fala, o coração pulsa, só isso. Seus ritmos acompanham o barulho da chuva agora. Mas mesmo assim, não ouço o necessário: o som consolador do nome oculto que está lá fora, andando ou matando mais alguém, além de mim. Relaxado e sem consciência alguma eu durmo de porta aberta, esperando um sussurro: “Boa noite, estou aqui agora!”.
A chuva molhou tudo. O tempo ficará responsável de terminar...


Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você

domingo, 5 de dezembro de 2010

SMS

E te digo daqui de cima, daqui de longe, daqui distante.
Nunca deixei de te amar... 
Calma, deixa eu concluir!
O meu amor mudou de contexto.

Pra ler gritando

E ainda que eu falasse a língua da maioria, eu não seria eu, seria eles. Não me calo, eles que criem os calos!
E ainda que eu voltasse no tempo, não tentaria mudar, porque fiquei mudo tempo demais.
O que foi escrito, cantado, falado... Não cessa, o que cessa é ponto final. Escrever, cantar e falar são coisas que depois de feitas, não acabam, marcam e não deixam de existir: ficam!
O que cala é fraco, os fracos calam. Os fortes calejam, da voz ao pé. Gritam, choram, andam e correm.
As proporções se tornam desproporcionais, não estacione, não mude (não cale)!

Má conjugação

O verbo mal conjugado: Se está no presente temos dúvida do futuro; pensando no passado, influências presentes.
Amar, auto se conjugue!
Eu...
Você...
Nós...
Plena confusão
Quem sabe, por uma má conjugação.

Pontos sequenciados

Ontem, hoje, amanhã. Filtrar, selecionar, separar diminuir... Pessoas, gente, homens e mulheres -vícios-. Começo, meio, fim, começo, meio... VIDA.
Amar, eternizar, morar, habitacionar. Corpo, abraço, alguns, sim e não ou sinceras hipocrisias.
O tempo mostra que existe um filtro dentro da gente. A cada dia, meu coração olha as pessoas que constantemente atravessam meus olhos externos. Todo meu conjunto mostra que são poucas as pessoas que realmente importam, daí o filtro. Muitos passam, poucos eternizam, raras são as tatuagens.

A sequência é clara. Sequencie! Perceba, visualize! Ligue os pontos, as dicas... Ligue a vida! A vida é feita de palavras soltas, ligar os pontos é o melhor do mistério da vida, nunca se sabe quando o ponto é cego.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De se sentir... Saudade

Bate o sono, falta assunto, me falta.
Me sinto saudoso, mas não me sinto o eu, pois sou só. Falta algo, me falta.
Falta complemento, falta que me faz...
Pele na minha pele, lábios na minha face, contato.
Preciso!
Você pluralizado ou por si só, mas preciso.
Sangue ou não, mas preciso.
Água, sal, areia, ilha. Formou uma ilha. Os três olhos expeliram água, salgada.
A poeira do meu quarto foi acumulando. Ilha formada.
Anjos, asas de fumaça... Acabaram de passar.
Não!
Esquecimento. Monotonia. Folhas. Lixo. Roupa suja.
Não! Não preciso.
O que preciso tem nome, tem nomes, tem carne, tem amor.
Tenho amigos.

Felicidade em tê-los, felicidade em saber da existência. 
Peneira foi ficando mais seletiva e o funil cada vez mais apertado. 
O pouco se torna muito. O meu amor é certo e não duvidoso, tenho certeza.