Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Sintoma

A folha cai sobre meu rosto, coisas que escrevi:
"Veja tudo menor do jeito que é! Você é um ser pequeno.
Eu vejo muito além do normal, sou maior.
Tenho asas, modifico os sintomas de dor com sorrisos dolosos disfarçados e sobrevôo os sentimentos alheios."
Caneta. Mais papel. Termino de escrever:
[...]Vejo o sol, a lua, você. Arde, esfria, relembro. Vejo o sol, a lua, você.
Estou com fome. Sacie minha fome! Fome dos outros ou até mesmo sua.
Ando de lá para cá, mas o único barulho que ouço é o da chuva.
Nada toca, nada fala, o coração pulsa, só isso. Seus ritmos acompanham o barulho da chuva agora. Mas mesmo assim, não ouço o necessário: o som consolador do nome oculto que está lá fora, andando ou matando mais alguém, além de mim. Relaxado e sem consciência alguma eu durmo de porta aberta, esperando um sussurro: “Boa noite, estou aqui agora!”.
A chuva molhou tudo. O tempo ficará responsável de terminar...


Tô com sintomas de saudade
Tô pensando em você

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