Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Amém

Faça o maior esforço possível para solucionar seus problemas, construa uma enorme barreira perante seus medos e os conheça muito bem antes, pois talvez seus maiores medos sejam as soluções para te fazer uma pessoa melhor, como numa espécie de prova e só depois disso permita criar essas barreiras, quando necessário. Se desfaz de egoísmo e orgulho, ambos te jogam no trânsito numa espera de assassinato esperado.
Não é conselho e nunca será, é a minha oração diária. Até agora são palavras vomitadas que não ficam muito tempo dentro de mim, quem sabe um dia eu permito a absorção. Até lá: amém.

sábado, 22 de outubro de 2011

O sujo

Por mais que ele tomasse banho, a sujeira que estava contida em seus poros, não saia. E de pensar que ele era tão lindo, me dá um desgosto de olhar no espelho agora, porque o ele era eu, mas parece que fui perdendo a essência, tudo de mais lindo que havia dentro de mim... e ele (eu) se tornou esse ogro agora. As trombetas  tocam, avisando a hora da morte, mas não dou ouvidos, não ligo. Por mais que me avisem o quanto sujo sou, mais desmerecedor das coisas que ganho me torno e vou vivendo assim, ou quem sabe morrendo, atolado na lama em que vivo. As luzes apagaram, me faltam um monte de coisas que podem estar pertinho aqui do lado ou em alguns quilômetros. E quem pode me dar colo agora?