Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

De se sentir... Saudade

Bate o sono, falta assunto, me falta.
Me sinto saudoso, mas não me sinto o eu, pois sou só. Falta algo, me falta.
Falta complemento, falta que me faz...
Pele na minha pele, lábios na minha face, contato.
Preciso!
Você pluralizado ou por si só, mas preciso.
Sangue ou não, mas preciso.
Água, sal, areia, ilha. Formou uma ilha. Os três olhos expeliram água, salgada.
A poeira do meu quarto foi acumulando. Ilha formada.
Anjos, asas de fumaça... Acabaram de passar.
Não!
Esquecimento. Monotonia. Folhas. Lixo. Roupa suja.
Não! Não preciso.
O que preciso tem nome, tem nomes, tem carne, tem amor.
Tenho amigos.

Felicidade em tê-los, felicidade em saber da existência. 
Peneira foi ficando mais seletiva e o funil cada vez mais apertado. 
O pouco se torna muito. O meu amor é certo e não duvidoso, tenho certeza.

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