Escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Pen[Sen]sações II

Vejo vocês ressonando. Paro. Observo. Penso: não quero isso pra mim, morrerei aos cinquenta. Vejo-me. Paro. Observo-me. Penso: eu sou mais um de vocês, estou morto faz tempo, mas ainda não apodreci, por isso que nem eu e nem vocês perceberam isso.

Pretendo mudar, mas mesmo assim não deixarei o mau cheiro para trás, afinal sou gente. Pessoas fedem, na proporção em que vão criando conceitos, maturidade, opiniões, preconceitos, a não ser que respeitem o meu, o seu, o nosso e s p a ç o.
Caso feche os olhos para tudo isso, tenho medo da profunda solidão que posso ficar, pois posso manter-me calado, fechado, lacrado, solidado para sempre. É melhor estar junto ao podre, na lama, no podre, em podre, com podre, podre, porque sei que estarei vivo, me sentindo vivo, incluso neste espaço e mesmo no fétido mundo que habito é melhor existir do que querer desistir de existir, não quero solidão, nesse caso... Que venha o odor!

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